sábado, 26 de janeiro de 2013

Volta às Aulas

 Apoio dos pais facilita a adaptação dos filhos

Escolas e professores têm se preparado para a retomada das aulas com muitas reuniões, discussões pedagógicas e planejamento. Em contrapartida, estudantes também devem estar prontos para enfrentar a rotina escolar. Especialistas garantem que é preciso o envolvimento da família nesse processo

Definição de rotina minimiza correrias
Quem ainda não deu conta de to­­­dos os preparativos para a volta às aulas precisa se apressar. Veri­ficar o material escolar, o estojo de hi­­gi­­e­­ne, os uniformes e eti­­quetar tudo o que vai acompanhar o aluno são tarefas que de­­vem ser feitas o quanto antes. Fora isso, definir o que será levado de lanche durante a semana e estabelecer os horários para dormir, se alimentar e fazer as tarefas diminui a chance de atrasos, esquecimentos e correrias em cima da hora.
Se para quem frequenta a escola pela manhã o difícil é deixar a cama cedinho, os que estudam à tarde enfrentam aquela preguiça que aparece após o almoço. Para evitar problemas, o melhor é a organização prévia. A ansiedade que acompanha um novo ano letivo é natural e chegar atrasado, com o material incompleto ou cansaço, torna mais difícil a adaptação. E não é porque o conteúdo da primeira semana não costuma ser tão importante que as faltas não vão trazer prejuízos. Este é o momento de conhecer os colegas, professores e a nova sala. Se despedir das férias contando as atividades feitas colabora para a ambientação e readaptação dos alunos.
Ajustes vêm com o diálogo
Já conversou com seu filho sobre as expectativas que ele tem com o retorno à escola? Com as aulas em curso, o diálogo é a melhor forma de saber como o estudante está se saindo, e pode ajudá-lo a enfrentar qualquer situação. Verbalizar o que se está sentindo e encontrar soluções em conjunto acalma e aproxima a família.
Dependendo da idade da criança, não fácil descobrir muitas informações sobre o dia na escola. “O ideal é esperar que essas conversas aconteçam naturalmente, sem insistir muito ou pedir um relatório de atividades. Se o dia já foi cansativo, ninguém gosta de ter de ficar falando sobre ele depois”, diz Andrea Caldas, pedagoga e diretora do Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná.
Se a criança está nos primeiros anos do ensino fundamental, as conversas devem incluir o valor do estudo e os ganhos pessoais que se tem com ele. “Seja a idade que for, a criança merece uma explicação [sobre o porquê de estudar] e a escola precisa ter um significado”, afirma Andrea.
O início do ano também é um momento decisivo para fortalecer o vínculo com professores e escola. Reuniões devem ser aproveitadas para esclarecer expectativas e passar informações im­­portantes sobre qualquer dificuldade ou particularidade do aluno.
De olho na lancheira
Os hábitos alimentares influenciam o sono e os estudos. Comer muito ou consumir refeições pesadas antes de deitar atrapalha o descanso. Por outro lado, pular o café da manhã ou estar sem apetite na hora do almoço atrapalha os estudos, já que a fome tende a aparecer à tarde. “Ter as refeições regradas influ­encia, sim, no desempenho”, afirma a nutricionista Marilize Tamanini. Na lancheira ou na cantina da escola, o cuidado com as calorias e os nutrientes necessários não pode ser esquecido. Vale apostar em frutas e pães integrais com requeijão, doce de leite ou geleias. O importante, conta Marilize, é ficar de olho nos rótulos e variar. “Vai muito suco de caixinha no lanche. Na hora de comprar, tem de ver qual tem menos açúcar, menos aditivos químicos. Os de maçã, por exemplo, não são tão doces”, diz. Se o lanche é comprado na cantina, vale incentivar que os pequenos variem a alimentação e experimentem opções mais saudáveis.
Sono em dia é essencial
É aceitável ter preguiça ou até fazer manha de vez em quando, mas isso não é motivo para se atrasar ou perder a aula. Crianças na faixa dos 7 anos precisam de 10 a 12 horas de sono. Noites mal dormidas refletem em sonolência durante o dia, irritabilidade, cansaço, falta de apetite e até enjoo. “Quem dorme mal tem dificuldade no aprendizado, dificuldade em prestar atenção, problemas de memória, de concentração e alterações de humor”, diz a neurologista certificada em Medicina do Sono Márcia Assis.
Quem ainda tem uns dias de folga pode ir ajustando o relógio biológico para o novo ritmo. Evitar computador, tevê e jogos eletrônicos antes de dormir ajuda a relaxar e a adormecer bem, assim como a prática de exercício físico durante o dia. Adolescentes precisam ter cuidado redobrado, pois, devido às transformações que ocorrem no organismo, têm tendência a dormir e a acordar mais tarde. “Os pais devem ficar atentos ou o adolescente pode acabar dormindo na sala de aula”, diz Márcia.
Organização e disciplina
Depois do período de férias, sem grandes compromissos ou cobranças, é hora de colocar tudo nos ei­­xos e recuperar a disciplina. Afinal, escola não é colônia de férias nem a casa da avó. Uma boa forma de ajudar a garotada a se voltar para os estudos é organizar o espaço da casa que será usado para a atividade. Atenção com a iluminação, os móveis, barulhos e as distrações. Aos menores, ofereça auxílio na or­­ganização. Já os maiores devem ser responsáveis pela ordem do local, que também precisa ser agradável.
Embora o início das aulas tenha um ritmo de adaptação, é importante que os pais estejam atentos às tarefas e a qualquer dificuldade que possa aparecer. Este é um bom momento para se certificar de que está tudo bem com a criança ou adolescente. Verificar a audição e a visão no início do ano ajuda a prevenir problemas futuros de desempenho.
Adultos precisam estar seguros
Nem todas as crianças tiram de letra a interação com outros jovens, a autoridade de um professor ou as novas regras de convivência. Mesmo aquelas que vão à escola sem birra podem apresentar resistência na segunda ou terceira semanas, quando percebem que o tempo fora de casa não passa tão rápido assim. O remédio para a ansiedade é a segurança dos pais. É preciso que a criança confie que a família fez a escolha certa – em casos de troca de escola ou turno. De acordo com a psicóloga Maria Cristina Montingelli, coordenadora do Colégio Sion, os pais devem oferecer suporte e mostrar confiança na escola e nos professores. “Depois de uma mudança, é preciso tempo para que a criança elabore o que está vivendo de novo. Os pais devem ampará-la e acreditar na capacidade de adaptação que ela tem”, diz.
 
Adriana Czelusniak - (Gazeta do Povo,2012)