Literatura Infantil

Um olhar a Literatura Infantil
Eliandra Cardoso dos Santos Vendrame

A importância da literatura infantil
                                                                                
A partir da década de 70, a Literatura Infantil sofre uma virada temática e passa a se sustentar em novos dogmas da educação: a valorização da criatividade, da independência e da emoção infantil, o chamado, pensamento crítico e segundo SILVEIRA (1997, p.149), "(…) e com ênfase à criança ativa, participante, não-conformista".

Conceito de literatura

São vários os conceitos que se tem de Literatura Infantil, dentre eles, como o referido por CUNHA, de que "(…) Literatura Infantil são os livros que têm a capacidade de provocar a emoção, o prazer, o entretenimento, a fantasia, a identificação e o interesse da criançada". (apud ALVES, 2003).

Ouvir histórias é mesmo importante?

ABRAMOVICH (2009, p14) "(…) Ah, como é importante para a formação de qualquer criança ouvir muitas, muitas histórias... escutá-las é o início da aprendizagem para ser leitor, e ser leitor é ter um caminho absolutamente infinito de descoberta e de compreensão do mundo...". Podemos, assim, começar a compreender a importância da Literatura Infantil no desenvolvimento cognitivo das crianças. Ser leitor é o meio para conhecer os diferentes tipos de textos, de vocabulários. É uma forma de ampliar o universo lingüístico. Para o "contador" de histórias, cabe o prazer de interagir com a leitura ao mesmo tempo em que oportuniza este prazer para os seus ouvintes, como reafirma AROEIRA (1996, p 141) "(…) Contar histórias é uma experiência de grande significado para quem conta e para quem ouve".

O que contar?

Em COELHO (1995, p.31) temos que, "(…) A função pedagógica dos Contos de Fadas, quase como regra, era afastar os pequenos dos perigos... além disso, encontra-se em muitos desses contos a defesa de valores como a virtude, o trabalho e a esperteza".
Para BETTELHEIN, (1990, p.197) "(…) O conto de fadas é a cartilha onde a criança aprende a ler sua mente na linguagem das imagens, a única linguagem que permite a compreensão antes de conseguirmos a maturidade intelectual". Assim, cada criança, particularmente, procurará no conto de fadas, um significado diferente de acordo com as suas necessidades e interesses em cada fase de sua vida. Os contos de fadas falam: de medos (Chapeuzinho Vermelho); de amor (A Pequena Sereia); da dificuldade de ser criança (Peter Pan); de carências (Joãozinho e Maria); de autodescobertas (O Patinho Feio); e de perdas e buscas (O Gato de Botas).

Ao Professor...

"(…) Faz-se necessário que o professor introduza na sua prática pedagógica a literatura de cunho formativo, que contribui para o crescimento e a identificação pessoal da criança, propiciando ao aluno a percepção de diferentes resoluções de problemas, despertando a criatividade, a autonomia e a criticidade, que são elementos necessários na formação da criança em nossa sociedade atual". SAWULSKI, (2002).

Planejamento - RCNEI

"(…) Ler não é decifrar palavras. A leitura é um processo em que o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, apoiando-se em diferentes estratégias, como seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor e de tudo o que sabe sobre a linguagem escrita e o gênero em questão". (RCNEI, 1998, p. 144/145).

Os RCNEI sugerem que...

"(...) os professores deverão organizar a sua prática de forma a promover em seus alunos: o interesse pela leitura de histórias; a familiaridade com a escrita por meio da participação em situações de contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos, apreciando a leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Isto se fará possível trabalhando conteúdos que privilegiem a participação dos alunos em situações de leitura de diferentes gêneros feita pelos adultos, como contos, poemas, parlendas, trava-línguas, etc. propiciar momentos de reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com ou sem a ajuda do professor". RCNEI, (1998, vol.3, p. 117-159).

Preparativos para contar e ouvir

  1. Escolha uma história que você gosta muito de contar;
  2. Leia essa história muitas, muitas vezes;
  3. Feche os olhos e imagine o cenário, os personagens o tempo;
  4. Pense na voz escolhida para o narrador e os personagens;
  5. Execute o seu poder de concentração;
  6. Escolha a sua melhor forma de memorização;
  7. Conte para alguém antes de contar para todo mundo;
  8. Cuidado com sua postura e os vícios de linguagem;
  9. Olhe para todos, o olhar diz muita coisa;
  10. Na hora de contar seja natural deixe falar o seu coração, seduza o seu ouvido para que ele deseje ouvir novamente.
Dicas de: Lúcia Fidalgo
Considerações

A Literatura Infantil é importante sob vários aspectos do desenvolvimento cognitivo, ela proporciona às crianças meios para desenvolver habilidades que agem como facilitadores dos processos de aprendizagem.
As condições necessárias ao desenvolvimento de hábitos positivos de leitura, incluem oportunidades para ler de todas as formas possíveis. Frequentar livrarias, feiras de livros e bibliotecas são excelentes sugestões para tornar permanente o hábito de leitura.

Referências

ABRAMOVICH, F. Literatura infantil: gostosuras e bobices. São Paulo: Scipione, 2009.
ALVES, V. Sitedeliteratura: O conceito de Literatura Infantil; O leitor: concepção de infância; O caráter literário na Literatura Infantil. Abril 2003
AROEIRA, M. ; SOARES, M.; MENDES, R. Didática de pré-escola: vida e criança:brincar e aprender. São Paulo: FTD, 1996, p. 167.
BETTELHEIM, B. A psicanálise dos contos de fadas. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980.
COELHO, N. A história da história. In: RIBEIRO, R. O Patinho Feio. São Paulo: Editora Moderna, 1995.p. 31.
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI). Vol.3 - Brasília: MEC/SEF, 1998.
SAWULSKI, V. Fruição e / ou aprendizagem através da Literatura Infantil na escola 1.2002< htpp: /www.cce.ufsc.Br/^neitezel/literaturainfantil/verena.htm.>abril 2003.
SILVEIRA, R. Ela ensina com amor e carinho, mas toda enfezada, danada da vida. In: Cultura, mídia e educação: Educação e Realidade, Rio Grande do Sul: v.22, n.2, jul/dez 1997